As uvas de Neruda nunca verteram lágrimas,
Enquanto ele cantava o Homem, puro e preso à terra.
No entanto, ao cantar o Amor, a terra era trampolim
Para um novo ser, mítico, saltar o cosmo.
Na voz barbuda de Ginsberg,
Ou os humanos vivem, ou se matam
[na verdade, uma ação apóia a outra.
E seus Amores, são selvas de sêmen enlameado,
Entre as coxas e ânus de homens inteligentes e jovens.
Para Vinícius de Moraes, o Amor pode ser relativizado,
Que seja eterno enquanto dure.
E a vida vai sendo uma teia de affairs, de beijinhos
De saudades e dores. As pessoas são transitórias, pois a necessidade do Amar
[esta é uma só.
Quando o Amor se abriu em mim, não pensei em Neruda,
Não fez sentido Ginsberg e ri de Vinícius.
Minha tese se fez outra, minha poesia também.
Ergui a voz contra esses estranhos, mesmo poemando como eles.
Meu Amor é Sonho puro, e se manifesta estranhamente em sofás e praças.
Um violino misterioso já tocou em sua homenagem
[a qual ninguém foi convidado.
O Amor é a missa diária do meu Ateísmo. É o maior dos colossos,
Aquele que pode substituir tudo, se necessário
[amigos, família, conhecidos.
O Amor é uma interrogação renitente, que devora os amantes pelo seu mistério.
A única certeza que se leva, é de que sua alma bailou em algum lugar
[bem longe daqui e deste corpo.
segunda-feira, 30 de abril de 2007
Poesia
Postado por Nota Pública ás 20:49 1 comentários
"Eu não peço dinheiro, mas também não nego"
Passeios Culturais em transportes públicos de Salvador.
A maioria das pessoas que utilizam os transportes coletivos está acostumada com o comércio informal, pedintes e mensageiros religiosos freqüentes nesses meios. Em Salvador, isso não é diferente. Mas, e quando a sua simples viagem transforma-se em um intercâmbio cultural repleto de música, poesia e informação?
Pois é, artistas independentes utilizam o transporte público na cidade para divulgar o seu trabalho, mas acima de tudo difundir a arte para a população.
"Em um ônibus, podemos atingir um público plurificado" - disse um repentista durante a sua apresentação.
No transporte coletivo, é possível promover a arte para pessoas de todos tipos, desde as mais intelectualizadas, até mesmo outras que não tiveram acesso, se quer, a um ensino básico. Através deste público, músicos, poetas, desenhistas e outros artistas marginalizados, transformam simples trajetos na cidade em um espetáculo do conhecimento.
Sábado, eu estava em ônibus seguindo uma tediosa e cansativa trajetória do Imbuí à Barra. Repentinamente, um homem portando apenas uma flauta em suas mãos chamou-me atenção, logo pensei "lá vem mais um pedir dinheiro". O rapaz franzino apresentou-se a todos e sem delongas, disse:
“Gente, estou aqui para mostrar um trabalho que faço em escolas públicas e ônibus de salvador. Não recebo nenhum patrocínio para isso, já tentei pedir auxílio ao Governo do Estado para divulgar o meu trabalho, mas na falta deste apoio, eu conto com a ajuda de motoristas e alguns professores para me apresentar e fazer o que mais gosto, a arte. Eu não peço dinheiro, mas também não vou negar, estamos em salvador".
Após a descontração, o flautista começou a tocar inúmeros clássicos de Vinícius de Moraes, Luíz Gonzaga, Caetano Veloso, Toquinho etc... Entre uma música e outra, recitava poemas de Augusto Jatobá, Carlos Drummond de Andrade, cordéis e repentes. Para alguns passageiros ali presentes, uma boa parte dessa cultura era desconhecida, mas o artista estava empenhado e lhes mostrava um "novo horizonte" com muita alegria.
Para concluir sua apresentação, serviu-se de um poema belíssimo de Cecília Meireles chamado "Motivo".
Cecília Meireles – Motivo.
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
O "Poeta do Ônibus" , como ficou conhecido, partiu com no máximo quatro Reais em seu bolso. Para muitos isso seria pouco, mas para ele, os aplausos e os sorrisos evidentes no fim do espetáculo eram superiores a qualquer quantia, pois o seu dever estava cumprido.
Postado por Nota Pública ás 07:17 2 comentários
domingo, 29 de abril de 2007
Madrugada de Sábado.
De repente, uma crise de riso invade a sala. Meu irmão lança um olhar que certamente se repete nas outras 4 casas.
Este blog nasce durante uma animada conversa de MSN:
~>Um urso voando pro circo chinês numa vassoura panda.
~>Facomics.
~>Carequinha pegador.
~>Café da manhã com bolo e cházinho.
~>Festa em Guarajuba.
~>Pernoite no motel.
~> Moita
Mesmo assim, a polêmica continua: assinar ou não???
Bem, como nada ficou decidido e eu sou brega: S.
Postado por Nota Pública ás 20:49 1 comentários
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